22/10/2009

NEY MATOGROSSO E O SECOS & MOLHADOS


Em sua edição de segundo aniversário - lançada em outubro de 2007 -, a revista Rolling Stone Brasil publicou uma entrevista com Fausto Silva, o Faustão. Trata-se de uma entrevista interessante, que conta parte da trajetória e expõe um pouco das opiniões do conhecido apresentador de TV. Mas eu não queria a revista por causa da capa, mas pela relação dos 100 maiores discos da música brasileira.
Para minha surpresa, o júri da Rolling Stone elegeu Acabou Chorare, gravado pelos Novos Baianos, como o melhor disco de todos os tempos. Eu esperava que fosse a criação coletiva Tropicália ou Panis et Circensis - que, aliás, faturou o segundo lugar. Mas a maior surpresa foi o quinto colocado: Secos & Molhados, de 1973.
Na minha opinião, o Secos & Molhados foi um dos mais revolucionários grupos de MPB. Suas músicas representam muitíssimo bem o que foi aquele início de década de 70. Ney Matogrosso e os demais integrantes do grupo ganharam o público e a crítica com canções bem feitas e difíceis de esquecer. Quando criança, eu escutava a música O Vira com assiduidade. Mas foram Rosa de Hiroshima e Amante Latino que transformaram-me em fã do grupo. De vez em quando, ouço Amante Latino em Mp3. Ney Matogrosso, João Ricardo e Gerson Conrad usavam maquiagem carregada e plumas que lhes conferiam um visual andrógino. Com seus rebolados, Ney era a androginia em pessoa. Mas quem ligava para isso? A maior parte do público caiu de amores pelos Secos & Molhados. A agenda de shows do grupo estava sempre cheia. Em uma ocasião, ele lotaram o Maracanãzinho, no Rio de Janeiro.
Gilberto Gil, Caetano Veloso, Os Mutantes, Tom Jobim, João Gilberto, Jorge Benjor e Tim Maia encabeçam a lista dos cantores mais citados pela Rolling Stone. Caetano, por exemplo, teve cinco discos eleitos pelos críticos da revista. Sem contar o Panis et Circenses, feito em parceria com Gil, Os Mutantes, Gal e outros artistas. Nenhum disco de Ney Matogrosso foi citado. Sepultura e Ira! ficaram na frente. Mas Ney participou do Secos & Molhados, gravou trilhas de novelas, teve várias músicas nas paradas e nunca saiu de moda. Já sessentão, continua gravando e fazendo shows por aí.
Ney nasceu Ney de Souza Pereira no atual estado de Mato Grosso do Sul (na época, havia apenas um Mato Grosso). Antes de decolar como cantor, se inscreveu na aeronáutica, trabalhou em laboratório de patologia e até tentou ser ator. Como o Secos & Molhados teve vida breve, Ney ingressou logo na carreira solo, lançando o primeiro disco em 1975. O sucesso, no entanto, demorou um ano para acontecer. Veio com o LP Bandido, lançado em 1976. A partír de então, Ney viu várias gravações suas tocarem nas rádios e em programas de TV como o Fantástico. A música Pecado Rasgado (que, aliás, deve se chamar Não Existe Pecado ao Sul do Equador, ou algo assim) foi tema de abertura da novela de mesmo nome. Vida, Vida abriu a novela Jogo da Vida. Os outros sucessos de Ney foram Homem com H, Por Debaixo dos Panos, Pro Dia Nascer Feliz, Corazón Bandido e Vereda Tropical

Nenhum comentário:

Postar um comentário